Fazer de uma maneira mais formal e ver, vocês sabem, se nós pudéssemos, através de educar os pilotos, aumentar o nível de segurança. Na CIVL nós concluímos que dessa forma seria melhor, porque assim nós não iríamos afugentar os pilotos com as necessidades de medições, mas sim conseguir fazer com que eles se juntassem e cooperassem. E no (campeonato) Europeu deste ano isso foi feito em uma escala maior pela primeira vez. Em Big Spring foi mais uma tentativa, em alguns voluntários, para ver como isso poderia ser medido, se poderia ser medido, e naquela época foi basicamente (inaudível) com um pequeno dispositivo, nos pilotos que tinham pedido. No Europeu, Dennis Pagen mediu todas as asas, durante a competição, o que acabou sendo bem difícil, 100 pilotos significava 100 asas, e se você fosse fazer isso na escala sugerida pelos pilotos alemães, seriam todos os dias 100 pilotos, e aí chegamos à conclusão de que não seria possível.
Mas durante o período todo, durante a semana toda, 10 dias, nós realizamos medições com cerca de 100 pilotos. Isso deu para fazer. E obtivemos alguns dados bastante interessantes. Um dos resultados foi que a maioria dos pilotos não entende realmente como está sua regulagem. Isso quer dizer que eles sabem sobre medições de ângulo de recuperadores, eles sabem o que é washout, em princípio, mas se você lhes perguntar “qual é a sua regulagem?”, “qual é a sua distribuição de washout?”; eles não saberiam dizer. Eu diria que cerca de 20 pilotos têm uma noção melhor, mas mesmo estes não sabiam dizer quantos graus eles tinham, eles não sabiam quanto pitch (momento de rotação) isso significava. E para ser honesto, este também foi o caso em Big Spring. Eles queriam medir suas asas, mas se você os perguntasse quanto pitch eles tinham em suas asas, com relação aos limites oficiais que eles teriam que obedecer, eles não sabiam, porque nós nunca havíamos feito essa medição. Nunca houve um teste que a federação alemã DHV, dissesse, “ok, tantos graus é o limite, metade desses graus é 50% do limite - ou o que for - e tantos graus serão zero”. E esta é a razão pela qual ainda estamos batalhando um pouco e provavelmente ainda teremos muitas asas que estarão com os recuperadores muito baixos.
Nós precisamos entender o que nós temos que medir. Washout é um termo que todos entendem. Estas asas voam porque elas precisam de um pouco de twist (torsão) na asa, e é como um twist negativo, de forma que a parte de fora da asa tem que estar com um ângulo de twist mais negativo do que a raiz da asa. É assim que uma asa flexível enflechada obtém sua estabilidade num vôo nivelado. Mas quanto washout exatamente é isso? É difícil responder a isto porquê Segurança, como um todo, é um pacote de ângulo de washout, enflechamento (ângulo de nariz), momento do perfil - significando quanta curvatura você tem em seus perfis, e outros efeitos como: o quão rígidos são seus recuperadores de mergulho, qual a elasticidade da estrutura de sua asa, o quanto seu intra-dorso pode subir ou ficar firme. E o pacote todo é basicamente testado e medido num aparato de medição. E a razão pela qual você precisa desse aparato de medição é porquê trata-se de um pacote de cerca de 5 ou 6 variáveis. Se fosse apenas uma questão de medir os recuperadores, nós não precisaríamos do aparato de medição. A razão direta por que este teste é caro para os fabricantes é porque é muito trabalhoso, mas não podemos dispensar o aparato de medição porque o assunto de estabilidade de pitch é bem complexo.
Então por que nós não simplesmente medimos um número e dizemos “este torna as asas seguras.”? A idéia vem daí, então digamos que você tenha medido uma determinada asa e que você sabe quais deveriam ser os ângulos dos recuperadores, então podemos dizer que, se você estiver em meio a uma viagem de vôo e medir e obtiver estes mesmos ângulos novamente, você deve estar bem. Isto assume que você não mudou nenhuma outra coisa. E a opção seguinte mais fácil para obter mudanças (sem baixar os recuperadores) seria mudando o perfil de curvatura das talas, Então você poderia voar com uma regulagem segura quanto aos recuperadores, porém como você tem um perfil mais curvado em todas as seções, poderia obter um menor pitch (barra mais leve). Não sei se todos vão entender isso.
Outra maneira de escapar ao procedimento de abaixar os recuperadores seria aparecer com costelas internas mais longas. Isso quer dizer que a vela seria capaz de inflar mais, ou “expirar” mais. Ou você poderia ter recuperadores mais flexíveis, ou talas mais ou menos flexíveis, tudo isso entra na equação, e torna difícil dizer “esta asa é segura porque foi testada com o mesmo ângulo de recuperadores que estou usando”. Então você não deve esperar demais ao falar “estou seguro, porque eles mediram entre 7 e 8 graus para meus recuperadores e eu estou com 7 em um e 8 no outro”. Você tem de ver que há bastante tolerância, mas a coisa mais importante em medir todos estes ângulos é que os pilotos ganhem uma sensação com relação entre o que é razoável e o que é além do utilizável.
Quando falamos em washout, nós instantaneamente devemos pensar neste dispositivo (mostra o nível digital), e em como colocá-lo sobre o recuperador, e primeiro você o coloca sobre a quilha. Você poderia colocar a quilha nivelada, se quiser fazer muito precisamente, apoiando-a em algum suporte para deixá-la na horizontal. Mas não necessariamente tem que fazer desta forma. Você também poderia fazê-lo assim (asa apoiada na quilha), primeiramente você mediria a quilha, tomando nota deste ângulo, (as outras medições nesta posição seriam relativas a este número). Se colocar a quilha na horizontal, o ângulo indicado pelo medidor seria ZERO. Você deve colocar o VG no máximo caçado, o que seria correspondente ao menor ângulo de washout que você poderia obter, significando a menor margem (de segurança) que você estaria medindo.
Então você faz as medidas nos recuperadores, ou seja, você vem até aqui, basicamente e obtém estes ângulos. Agora, todos que conhecem aerodinâmica diriam instantaneamente “isso não é exatamente washout”. E eles estariam certos. Porque medir o ângulo do recuperador não é medir o ângulo do washout aerodinâmico. (Para isso) você teria que medir (o ângulo) entre o centro da espessura do bordo de fuga, o que até seria fácil de estimar (pois o bordo de fuga é finíssimo), até o centro do bordo de ataque (leading edge), isso seria de fato o seu ângulo de washout. Então se você mede o recuperador normalmente você termina com um valor um pouco maior do que este (do washout aerodinâmico). Digamos, se você precisava de 5 graus e você mede o recuperador com 5,5 graus, significa que o seu valor real é na verdade um pouco menor do que 5,5. Mas, como eu disse antes, os valores são mais como uma referência, são mais para dizer, “a asa testada, foi também medida quanto ao ângulo dos recuperadores, e a asa testada tinha 5 graus neste recuperador, então 5 graus serão bons para você.”
E, ao falar isso, você tem que observar que nem todo fabricante usa a mesma faixa (de distância de abertura) para os recuperadores. Os recuperadores sempre trazem um pouquinho de ângulo contra a orientação da quilha, alguns podem “balançar” um pouco mais “para fora”. É claro que um recuperador destes trará um ângulo menor, quanto mais paralelo à quilha, mais inclinado está realmente o recuperador. Isto também traz outro pequeno problema às medições: muitas vezes a asa não está realmente nivelada, está numa leve inclinação. Você poderia, instantaneamente, medir sua asa de uma forma diferente. Nós tivemos um pouco disto no Europeu quando eles estavam constantemente medindo esquerda e direita, e você podia ver “ohh, está 6 e meio deste lado, mas apenas 6 deste... o que devo fazer? devo mexer nos recuperadores ou tentar colocar a asa melhor nivelada?”. Então você podia ver que o CIVL estava aprendendo também, provavelmente até bastante, em termos do quão difícil é definir um número exato e dizer “olha aqui você tem 6,2 graus, mas o permitido é no mínimo 6,4...
No comments:
Post a Comment