Tuesday, April 24, 2012

Rob Kells Memorial 2012 - The Florida Ridge - Part 3


Demorou até eu arrumar um tempinho para botar no papel os últimos dias de voo do campeonato Rob Kells Memorial!

Infelizmente não tenho tanta coisa para contar, pois meus dois últimos voos não foram longos e o outro campeonato ainda não começou devido ao mau tempo.

5a-feira 19 de Abril Prova 5

http://www.xcbrasil.org/leonardo/flight/51904

Depois do grande voo de ontem a previsão era de condição muito boa, porém com chance de tempestades à tarde.

O céu estava um pouco fechado de manhã cedo e fiquei com a impressão de que nem teríamos prova.
Tudo bem, eu estava um pouco maltratado pela maratona de 5 horas do dia anterior, para não falar nos outros dias.

Na verdade, naquele momento eu era, de todo o campeonato, o piloto que havia passado mais horas no ar, quase 16 horas em 4 dias!

Com isso, pela primeira vez me atrasei para chegar no parque de manhã e perdi a reunião dos pilotos.
Isso foi um erro.

Eu tinha me informado pela internet sobre o tempo e sabia que havia a previsão de chuva.

Mas acho que se eu tivesse chegado mais cedo, montado a asa e ido à reunião dos pilotos já com tudo pronto, eu teria ficado preparado mais cedo e faria tudo mais tranquilamente.

Ao invés disso, acabei trocando a reunião dos pilotos pela montagem, mesmo assim, quando saíram da reunião eu ainda não estava pronto.

A prova teria um start mais cedo do que nos outros dias, e quem já estava pronto colocou rapidamente a asa na fila de decolagem.

Eu me atrasei para fazer isso e fiquei bem mais atrás na fila do que nos outros dias.

A coisa funciona mais ou menos assim, a partir de um determinado horário, tipo meio dia, você está autorizado a colocar sua asa na fila, e a ordem é de quem chegar primeiro, com exceção de 5 prioridades que são os 5 melhores pilotos do campeonato e que tem direito de furar a fila na hora que quiserem e também os três pilotos do comitê de prova.

O vento tinha diminuído mais um pouco e os reboques se tornaram bem mais calmos.

A prova escolhida, dentre 3 possibilidades que tinham ficado em aberto seria uma espécie de losango fechado, ou seja com pouso no próprio parque de voo, com um total de 100Km.

É, aqui é assim, quando não está bom a prova tem 100Km...

O bônus era que quem conseguisse fazer a prova não precisaria nem desmontar a asa!

O Jonny Durand tinha me perguntado mais cedo com quem eu estava na fonia, e como eu não estava com ninguém, só com o resgate (na verdade em nenhum dia o radio tinha servido para nada), ele gentilmente me convidou a entrar na fonia do primeiro pelotão.

Quando chegou minha vez de rebocar, não só já tinham se passado dois starts, como o primeiro pelotão já tinha ido embora.

Eu ouvia ele falando entre si já no caminho e eu ainda ali no chão.

Então isso me atrapalhou um pouco, pois reboquei já com a sensação de que tinha perdido a barca.

Soltei a 450 metros quando senti que tínhamos passado por duas térmicas fortes.

Logo engatei numa consistente de 1 m/s e aproveitei para começar a me ajeitar.

Foi aí que aconteceu meu velho problema de sempre, meu cinto não fechava...

Eu sei que algum dia isso vai acontecer, já havia muito tempo que não acontecia, então eu estava um pouco apreensivo com essa fartura de cinto fechar bem, acabar logo no meio desses campeonatos.

Para resumir a história, fiquei meia hora brigando com meu cinto, e até machuquei meus dedos na fivela do zíper.

Tentei de tudo, puxando devagar com o cabo depois puxando o zíper de baixo com a mão, tentando descer mais o zíper de de cima...

Não adiantava, formava uma barriguinha na altura da braguilha e por ali o zíper não passava.

Depois de me atrapalhar e me desconcentrar dei uma meia fechada no zíper e tive que ficar fazendo corpo leve para não abrir de novo.

Uma pena, saí para a prova atrasado e com pouca ajuda à minha volta.

Fui voando em direção ao primeiro pilão e avistei uma térmica com vários pilotos do primeiro pelotão, cheguei a me animar tirando para lá, mas é lógico que eles já estavam voltando do primeiro pilão, e estavam também muito acima da próxima perna com relação ao vento, o que significava apenas que eles estavam muito bem e que eu estava muito atrasado.

Aproveitei a térmica deles, tirei para bater o pilão e voltei tentando ver se ainda enxergava alguém, mas nada, eu tinha deixado quem ficara atrás de mim para trás, e não tinha chegado em quem estava à minha frente.

Em outras palavras, eu estava voando sozinho novamente.
Por que eu vivo cometendo este erro??

Seja como for fui ficando baixo, mas, pelo menos com relação a encontrar térmicas, continuava com a confiança em alta.

Logo derivei para o meio de um pasto que tinha um poço de areia no meio e peguei uma para cima tão forte quanto as térmicas iniciais do outro dia.

É interessante como perdemos tempo com térmicas mais fracas quando estamos altos, porque é justamente nesta hora que temos potencial de voar em volta e explorar o miolo da termal.

Tipo, neste dia eu estava contente até agora com 1 m/s mas a termal que eu peguei ali tinha 4 m/s, então são essas que a gente tem que pegar, e não podemos nos dar por satisfeito s com 1 quando sabemos que o dia está com potencial de 4.

Fui voando na minha e me aproximei do segundo pilão, mas uma grande nuvem que derivava em minha direção foi engolindo a condição em volta, sombreando em baixo e tinha começado a chover embaixo dela.

Eu sabia que a chuva inevitavelmente cruzaria a 3a perna da prova, a dúvida é se eu teria velocidade para passar antes.

Não tive.

Quando bati o pilão o vento tinha aumentado um pouco, e a 3a perna era a perna de contravento, e o cumulus congestus, que mais tarde se transformaria num cb tinha estragado a formação e ao longo desta perna estava tudo azul.

Apesar de ainda encontrar térmicas perto do pilão, tive que acabar tirando para o azul no contra vento e acabei pousando com pouco quase 50 Km de voo.

Pousei perto da estrada principal.

Logo depois de colocar tudo no carro começou a chover, e quando terminei de amarrar a asa, aí a chuva desabou.

Pelo menos no resgate o timing tinha sido perfeito...

Acho que neste dia 7 pilotos chegaram, muitos foram pegos no buraco azul e tiveram distâncias parecidas com a minha.

Konrado foi um dos que chegou e fez uma excelente prova, ele parece estar adorando sua Litespeed RX 3.5, tem falado muito bem dela, disse que é realmente um novo projeto quando comparada à RS.

A previsão para o dia seguinte seria de tempestades a qualquer hora do dia.


6a-feira 20 de Abril Prova 6

http://www.xcbrasil.org/leonardo/flight/52005

Choveu muito forte a noite toda, com algumas trovoadas.

Acordei com a certeza de que não teríamos prova, mas para minha surpresa o céu estava completamente azul, e fazia um pouco mais de frio.

Fiquei com aquela sensação de que seria um daqueles dias em que forma rápido, desenvolve demais e chove logo.

As nuvens estavam bem desenvolvidas durante a reunião de pilotos, e sabíamos que o mau tempo viria de Oeste, então tentaram botar uma prova para Lake Placid que são 55 Km ao Norte, e volta até quase o meio do caminho, para um total de 74Km.

Neste dia eu sabia que o tempo seria ainda mais apertado, e tratei de fazer tudo muito rápido e fiquei pronto na hora e até consegui um lugar decente na fila.

Só que as prioridades resolveram entrar na fila na hora em que eu estava em 5o para decolar, resultado fui ficando tipo para décimo terceiro.

O que eu não sabia era que estávamos com um dragonfly a menos, pois um deles tinha dado problema no motor no dia anterior.

Esse era o motivo da fila estar tão lenta.

E as nuvens não paravam de crescer.

Como neste reboque o vento estava quase completamente parado no solo, o tempo que passávamos sobre o carrinho de reboque seria bem maior.

De fato com o vento forte dos outros dias, estava mais acostumado a começar a voar em segundos, mas desta vez percebi que o passeio seria um pouco mais longo.

Este pequeno detalhe me preparou melhor para o reboque neste dia, que foi o mais suave de todos.

Novamente engatei numa térmica com facilidade no start.
Comecei a me ajeitar, mas novamente não consegui fechar o cinto, e perdi muitos minutos fazendo força e brigando à toa, ao ponto de quase ter uma cãimbra no pescoço.

Até que finalmente o zíper arrebentou de vez e pelo menos eu pude me conformar em voar assim mesmo.
Tentei baixar o zíper de cima ao máximo e usar o pouco de zíper de baixo que consegui puxar para relaxar um pouco as pernas, mesmo assim, voar assim é muito desagradável.

Já sabia que todo mundo estava longe dali, então me conformei só em dar mais este voo, tentar curtir o voo, e ver se eu dava um pouco de sorte e conseguia ficar no ar.

O início estava forte, e eu estava até um pouco preocupado, pois sabia que era o dia mais instável e tinha receio de que as nuvens pudessem nos puxar para dentro.

Foi excesso de precaução.

Apesar de já dar para ver várias chuvas se aproximando de Oeste ao longe, as nuvens do start, mesmo altas, estavam suaves e tinham beiradas definidas para podermos ir saindo.

Logo, o super desenvolvimento de um CB a Oeste deu aquela espalhada de cirrus lá no alto e começou a sombrear o caminho da prova.

Mesmo assim fui encontrando algumas térmicas fracas.

Quando as nuvens escureceram mais, comecei a me preocupar em fazer um voo à meia altura, pois, se ouvisse trovoada, eu queria poder pousar imediatamente.

Estava a 15 Km do primeiro pilão e nesta hora sobrevoei o gol.

Olhei para a frente e vi tudo sombreado na direção do pilão, as opções de resgate por perto do pilão seriam super seguras, porém um pouco mais complicadas.

Talvez eu tomasse chuva se demorasse a ser resgatado.

Achei que já não faria diferença eu voar até o pilão ou até tentar completar a prova.

Optei por pousar por ali mesmo, com apenas 40 Km de voo.

Muita gente ficou perto do primeiro pilão nesta sombra, então acho que eu só teria conseguido mesmo um final glide de mais 8Km.

Na verdade não fez nenhuma diferença para minha posição no campeonato.

Pousei num mega pouso, rapidamente fui resgatado.
Um pouco mais tarde ouvíamos as primeiras trovoadas.

À noite tivemos uma festa de premiação e encerramento e todo mundo encheu a lata!

Sábado 21 de Abril

Acordar meio ressacado, enfiar tudo na mala, tomar café, pegar o carro, sacar dinheiro, fazer lavanderia, e dirigir para o Norte, para dar entrada no próximo campeonato o Flytec Race & Rally.

O tempo estava bem fechado, mesmo assim havia vários cloud streets no caminho debaixo de nuvens super escuras.

Quando chegamos no Wallaby, no final da tarde, caiu uma pancada de chuva forte.

Encontramos Du e Davisinho que estavam com o Raul Guerra do Equador.

Dirigimos para o Quest, cerca de meia hora mais ao Norte para a primeira reunião de pilotos.

Nesta reunião nos foi dito que previsão de tempo era bastante ruim pelo menos para os próximos dois dias.

Os organizadores resolveram que iríamos nos encontrar novamente no Quest pela manhã para resolver o que fazer.

Aproveitei para procurar o Kraig Coomber da Moyes, e deixar meu cinto com ele para ver se ele poderia ver o assunto do zíper.

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